segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

RELATÓRIO DO 15º ENCONTRO - TP 06

               Sobre a escrita (texto de Clarice Lispector)
   
     Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio. Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento.


     Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras. Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exatamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra, só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida. As palavras é que me impedem de dizer a verdade.

     Simplesmente não há palavras.

     O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo. Acho que o som da música é imprescindível para o ser humano e que o uso da palavra falada e escrita são como a música, duas coisas das mais altas que nos elevam do reino dos macacos, do reino animal, e mineral e vegetal também. Sim, mas é a sorte às vezes.

     Sempre quis atingir através da palavra alguma coisa que fosse ao mesmo tempo sem moeda e que fosse e transmitisse tranqüilidade ou simplesmente a verdade mais profunda existente no ser humano e nas coisas. Cada vez mais eu escrevo com menos palavras. Meu livro melhor acontecerá quando eu de todo não escrever. Eu tenho uma falta de assunto essencial. Todo homem tem sina obscura de pensamento que pode ser o de um crepúsculo e pode ser uma aurora.
Simplesmente as palavras do homem.
Clarice Lispector




        No dia 26 de novembro de 2009 iniciamos o 15º Encontro com o texto de Clarice Lispector, "Sobre a escrita". A discussão acerca da temática do texto foi bastante produtiva porque relacionamos a importância da palavra na vida do ser humano. Possibilidade única desta espécie: comunicar-se através, principalmente, da palavra. Conversamos também sobre o conflito da persongem em relatar o processo da escrita que é completamente difícil. Analisamos nesse texto, o estilo de Clarice Lispector. Ela faz uso do monólogo interior é um dos muitos artifícios utilizados por Clarice que contribui para a construção da atmosfera introspectiva. Essa técnica consiste em reproduzir o pensamento da personagem que se dirige a si mesmo, ou seja, é como se o “eu” falasse pra si próprio. Registramos no texto "Sobre a escrita", o mergulho no mundo interior da personagem que revela suas próprias emoções, devaneios, impressões, dúvidas, enfim, sua verdade interior diante do contexto que lhe é posto.
          Retomamos em seguida, os estudos do TP 06, Leitura e processos de escrita II. Terminamos as apresentações das Oficinas do "Avançando na prática", página 23 porque no Encontro anterior, não deu para todos os grupos apresentarem. O resultado foi muito bom, pois comprovamos na prática o que estudamos na teoria, os tipos de argumentos que temos e conversamos sobre de que se tratam a tese e o argumento. Em seguida, Lemos a Unidade 22, TP 06, "Produção textual: planejamento e escrita", Silviane Bonaccorsi Barbato. Analisamos e discutimos sobre a importância de se trabalhar a produção de texto através da necessidade sociocomunicativa dos a indivíduo.Precisamos estabelecer o objetivo da escrita considerando os leitores/interlocutores do texto. Conversamos sobre a importância das dimensões para planejar o ato de escrever (TP04, pág. 196)  uma prática que deve ser reflexiva. Os Cursistas foram divididos em 03 Equipes para estudar o assunto da Unidade 22 e apresentarem as Oficinas. Uma equipe apresentou sobre a importância de analisar a função da linguagem como estrtégia básica para o planejamento da escrita; outra, discorreu sobre os diferentes caminhos do escritor para produzir um texto e que não há regras para esse planejamento, mas existe um desnvolvimento de alternativas que as pessoas vão adquirindo durante o processo de escrita; outra  Equipe enfatizou sobre a importância do professor como exemplo leitor, pois o professor é responsável para despertar a habilidades de escrita e leitura dos alunos e que estes necessitam compreender que o processo de escrita é um processo comunicativo. Encerramos as atividades dividindo a turma em 04 Equipes para apresentação das Unidades 23 e 24 no próximo Encontro, encerrando desta forma os estudos do TP06.

Açailândia, 26 de novembro de 2009.

Neiva Antunes Pinheiro - Professora Formadora.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

OLÁ QUERIDOS! É UM PRAZER COMPATILHAR CONHECIMENTOS. ENTÃO, FAÇAM OS COMENTÁRIOS.........